domingo, 30 de novembro de 2008

A VIDA E O CAMINHO NO ESPÍRITO DE CRISTO

E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. (Gálatas 5:24,25)

A compreensão do significado da vida e o caminho no Espírito de Cristo é de fundamental importância para o entendimento de quem somos em Cristo e para que somos em Cristo.

Ele não nos chamou simplesmente para sermos em Cristo, mas também para realizarmos as ações de Cristo. Isto é, não somente vivermos em Cristo, mas também andarmos nEle.


Viver no Espírito de Cristo

Eis aí o que não se pode fazer por conta própria. Viver requer um nascimento e ninguém nasce por que quer. Nasce-se por uma vontade alheia. A vontade dos pais é que determina o nascimento de uma nova vida. Ainda que esta vontade não fosse exatamente gerar filhos, não se pode atribuir ao filho a responsabilidade de ter nascido.

Da mesma forma não há mérito algum que possa ser atribuído ao homem quando este recebe a experiência do novo nascimento, o nascimento do Espírito. Jesus afirmou que o nascimento do Espírito se daria onde o espírito desejasse, sem que soubéssemos de onde vinha, nem para onde iria.

Se estamos vivos a causa disso é uma só: Cristo nos deu vida. Assim dizia o apóstolo Paulo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Efésios 2:1).

A vida em Cristo não consiste em o homem conquistar Deus, mas sim em Deus conquistar o homem. Não advém de obra alguma que o homem possa fazer, mas sim da graça de Cristo. É ela e não nossas obras que proporcionam vida espiritual. Todavia, “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”.


Andar no Espírito de Cristo

O novo nascimento e a nova vida em Cristo não é um fim em si mesmo. Cristo nos deu nova vida para que andemos em novidade de vida. A nova vida que Cristo dá inclui o caminhar, e este cabe a cada um de nós, bem como a todos nós em comunhão.

Na verdade não há vida nova sem um novo caminhar. De nada adianta dizer ter uma vida cheia do Espírito se não há ações que reflitam o caráter de uma vida espiritual. Assim diz São Tiago: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé” (Tiago:2:17,18).

Muito embora sejamos salvos pela graça e não pelas por obras. Não somos salvos para viver sem obras. Pelo contrário, nossa fé deve ser mostrada por meio delas.

Infelizmente muitos crentes tentam mostrar sua fé com fé somente. Aparentam uma espiritualidade que nem de longe condiz com suas atitudes. Resumem a vida espiritual aos louvores, à adoração, às orações, correntes, campanhas e tudo o mais que lhes proporcionem um sentimento de bem estar. Eu também amo e preciso dispor de tempo em louvor, adoração e estudo das Escrituras. Mas isso não é tudo! Não basta viver, é preciso caminhar.

O caminhar é ação, é atitude. Demanda renúncia, disposição, preparo e responsabilidade.

Para caminhar em Cristo, em primeiro lugar devem renunciar a si próprio, a carne e sua concupiscência. Não há como viver em Cristo sem antes nEle morrer. Não se vive nova vida sem antes renunciar o antigo modo de viver, assim classificado por Paulo: “imoralidade sexual, impureza, indecência, adoração a ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões, invejas, bebedeiras, farras e outras coisas parecidas com essas” (Gálatas 5:19-21).

Caminhar significa deixar coisas pra trás. Não dá pra caminhar com Cristo e permanecer no mesmo estágio carnal. Há que se romper com certas coisas. No dia em que nascemos tivemos nosso cordão umbilical cortado. A partir de então passamos a respirar sozinhos, a sugar e depois se alimentar, a engatinhar e depois andar. Nada disso seria possível sem deixar o estágio anterior. Da mesma forma, não se pode andar em Cristo sem antes deixar o pecado.

Caminhar em Cristo é dispor-se a trabalhar por Ele. Colocar a sua disposição o tempo, o dinheiro, os bens, a vida, o intelecto. É dispor-se a ajudar o necessitado, manter obras evangelizadoras, contribuir com hospitais, asilos, orfanatos e órgãos de assistência social. É envolver-se de fato em favor do Reino de Deus. De nada adianta declarar amor ou admiração por isso ou aquilo se não houver disposição em trabalhar, contribuir, ofertar, se deixar consumir, dar a vida.

Caminhar em Cristo não é fácil, exige preparo, requer o exercício da fé, porque a fé genuína requer o exercício em obras. Afinal, nossa fé não pode ser unicamente teórica. A fé deve produzir ações. Todavia, não somos capazes de realizar, de imediato, qualquer obra que seja, mas podemos fazer o que nos vier à mão de acordo com as forças (fé) que dispomos. Assim, a cada obra que realizamos nos fortalecemos para realizarmos obras cada vez maiores.

Por fim, andar com Cristo requer responsabilidade. Infelizmente, muitas vezes, se inverte os valores. Atribui-se ao homem os méritos da salvação e a Deus a responsabilidade de andarmos. Então, quando algo de errado acontece, a culpa é de Deus ou do diabo, nunca do errante. Isso está errado! Foi Deus quem nos salvou e não temos mérito algum nisso. Somos nós que erramos e a responsabilidade de errarmos ou deixarmos de caminhar é toda nossa. Ainda assim, Ele não nos deixa só e nos dá toda força de que necessitamos para caminhar, bem como para levantarmo-nos após a queda.

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Cor.15:58).

domingo, 9 de novembro de 2008

A PALAVRA PROFÉTICA


Virou moda falar a palavra profética. Entretanto, a moda que se fala nada tem a ver com o que de fato é profecia. Estão confundindo ‘palavra profética’ com ‘confissão positiva’.

Tenho observado que nos vários seguimentos religiosos onde o termo tem sido usado, a tal palavra profética é utilizada tão somente como afirmação do que se deseja. Isto é, afirma-se o que se deseja e atribui-se a afirmação a uma obrigação de Deus em realizá-la.

O pequeno detalhe de que se esquecem é que, em toda Escritura Sagrada, jamais uma profecia foi gerada pelo profeta. Todas as profecias são geradas pelo Espírito de Deus e o profeta é apenas seu porta-voz. Não nos é outorgado, ao menos nas Escrituras, qualquer autoridade para falar o que desejamos declarando ser essa a palavra da profecia do Espírito. Toda nossa autoridade consiste em anunciar a profecia já revelada nas Escrituras.

Nenhum profeta jamais declarou algo proveniente de seus desejos como se fosse palavra do Espírito. O próprio apóstolo Paulo teve zeloso cuidado em não cometer tal ultraje, quando falou seu desejo ou opinião disse: “digo eu, não o Senhor” (1 Coríntios 7:12).

A palavra profética é gerada do Espírito Santo e transmitida pelos profetas. Por isso, não há uma só profecia que diga: “eu declaro”, ou “eu determino”, ou “eu profetizo”. A verdadeira profecia diz: “Assim diz o Senhor”.

E, afinal, o que o Senhor diz? Haveria alguma revelação a mais que Ele queira dizer que não tenha dito nas Escrituras? A menos que o Apóstolo Paulo tenha se enganado redondamente, não há mais o que Deus queira revelar. Disse Paulo: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1:8).

É realmente impressionante como muitos desejam conhecer mais a Deus sem querer conhecer mais as Escrituras. Dizem querer experiências com Deus sem querer conhecer o que Deus já nos deu para experimentarmos, a saber, sua Palavra. Querem conhecer a Cristo sem conhecer a Palavra, que é Cristo. Enquanto os Romanos trocaram o relacionamento com Cristo, da Palavra para a hóstia, os pentecostais trocaram o relacionamento, da hóstia para as “experiências”, o empirismo.

Através do empirismo, muitos querem descobrir o que Deus não revelou, ao tempo em que rejeitam o que está revelado. Quando não entendem o que a Bíblia diz, ou quando o que ela diz contraria o que crêem, dizem que isso não pertence ao homem saber, que está oculto em Deus. Ora, quanta incoerência! Se Deus escreveu nas Escrituras Sagradas, está revelado! Ao invés de dizerem que não pertence ao homem saber, deveriam ter a humildade de querer aprender. Afinal, se o Espírito não revelar o que está escrito, porque revelaria o que não está? E se não pertence ao homem saber o que está escrito, porque Deus escreveu? Não é estupidez querer entender o que não está revelado nas Escrituras (e isto sim ao Senhor pertence) e negligenciar o que está revelado?

A função do Espírito Santo não é nos ensinar o que não foi revelado, não é nos fazer adivinhar, e sim nos lembrar e ensinar todas as coisas que Jesus falou (João 14:26).

Assim, a Palavra profética consiste em anunciar o Reino de Deus e a sua justiça. Hora promovendo a virtude, hora denunciando o mal.

Palavra profética não é declarar jargões positivistas. Não foi assim que procederam os profetas e os apóstolos. Muitos sofreram martírio, exatamente, por causa das injustiças e heresias que denunciaram. Logo, ser profeta, hoje, é anunciar a profecia revelada nas Escrituras, é levar amor de Deus aos carentes através das boas obras, é anunciar o Reino de Deus, que “é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17). Mas não é só isso, a Palavra Profética é aquela que se levanta contra as injustiças sociais, o mau uso dos recursos naturais, o abuso da boa fé popular, o legalismo religioso, a corrupção, as heresias e coisas semelhantes a essas.

Infelizmente a verdadeira palavra profética não interessa aos “grandes profetas”, líderes religiosos, cada vez mais envolvidos em conchavos políticos e cegos pela sede de poder. Para esses, quanto menos conhecimento (Bíblico ou científico) o povo tiver, mais fácil será dominá-lo, e isso é o que lhes importa. E assim, prosseguem com seu empirismo e charlatenismo, fazendo-se semi-deuses, enganando a massa burra, construindo seus impérios “acima das estrelas de Deus” (Isaías 14:13).

Meu amigo, não se deixe enganar, já dizia Jesus, “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5:39).

“porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos”
(Mateus 24:24).