sábado, 10 de novembro de 2007

O REINO DE DEUS

UM GRÃO DE MOSTARDA

“A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos? É como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra; mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra” (Marcos 4:30-32).

A comparação do Reino de Deus com uma semente é demasiadamente apropriada. Pois a manifestação do Reino está intrinsecamente ligada a Palavra de Deus, que é a semente. Um não subsiste sem o outro.

A princípio, a comparação do Reino a uma semente de mostarda parece ser antagônica, uma vez que não há pequenez alguma nessa semente-Reino-Palavra-de-Deus. Muito pelo contrário, por toda a Bíblia a Palavra e o Reino de Cristo são exaltados sobremaneira.

A mensagem do Reino se assemelha a semente de mostarda não no que concerne ao seu tamanho, mas na importância com que um mundo corrompido é capaz de vê-la. Pois o Reino de Deus anda no sentido contrário ao que anda os interesses do mundo, fazendo parecer loucura, utopia, algo impraticável ou sem importância.

Enquanto o mundo diz “só vou gostar de quem gosta de mim”, o evangelho do Reino diz “amai os vossos inimigos”; enquanto o mundo prega o capitalismo selvagem, o Evangelho do Reino propõe a liberalidade em dar; enquanto o mundo diz “O mundo é dos espertos” o evangelho do Reino diz “os mansos herdarão a terra”; enquanto o mundo ensina meios de alto-projeção, a mensagem do Reino é: “quem se humilha será exaltado”; o mundo ensina que o menor deve servir o maior e na briga pelo maior posto quem pode mais chora menos, já na hierarquia do Evangelho do Reino o maior é quem serve o menor e todos são chamados a servir o próximo e considera-lo superior a si próprio.

Em palestras motivacionais de empresas ensina-se que seu nome deve constar apenas nas agendas de pessoas que são interessantes pra você, que possam lhe ser úteis. Com certeza isso poderá lhe render bons negócios e lhe proporcionar grandes lucros. No entanto, o Reino de Deus caminha em sentido oposto, pois sua proposta não se dá em tornar-lhe rico (se essa for a proposta que você tem ouvido de seu líder espiritual, você está sendo enganado), nem em fazer-lhe estar bem servido de contatos interessantes.

A proposta do Evangelho do Reino é de que seu nome e seu número de telefone estejam – não nas agendas caras de figurões importantes, mas – nos pedaços de papel amarrotado nos bolsos de miseráveis e carentes que de fato necessitam de você. Que você esteja disponível quando este lhe chamar, para que de fato você tenha alguma utilidade nesta vida.

Você até pode servir a “superiores”, mas “superiores” nunca se consideram necessitados dos serviços de um “inferior” e assim fazem parecer que os mais ilustres serviços pareçam verdadeiras inutilidades. No entanto, sirva os carentes e verás quão útil te sentirás.

O Evangelho do Reino é comparado a uma semente de mostarda porque não é vistoso aos olhos do mundo, não é atraente para o ganancioso, nem interessante para quem busca satisfazer unicamente seus desejos pessoais. O Evangelho do Reino é comparado a uma semente tão pequena porque anda na contramão de um sistema capitalista, tornando seus valores quase invisíveis aos “cegos do castelo”.


UM REINO QUE CRESCE

Ao contrário do que muitos afirmam, nós não estamos caminhando para o caos. Muito pelo contrário, estamos saindo dele. Isso porque o Reino que pregamos é uma mensagem incomparavelmente poderosa que não foi posta na terra como uma árvore a fim de terminar como um grão de mostarda, mas sim foi posta como um pequeno grão para tornar-se a maior de todas as hortaliças, deitando seus grandes ramos sobre a face da terra.

A alusão a uma grande árvore da qual seus ramos servem de casa para os pássaros, lembra a mesma metáfora na qual Daniel 4:21 referia-se ao domínio mundial de Nabucodonosor. Não dá para deixar de conotar isso ao fato de que o reino de Jesus Cristo foi iniciado, sobre todo o universo, desde sua ascensão ao céu e continuará até que ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pés (leia Salmo 110:1 e Atos 2:34,35).

Alguém poderia objetar, afirmando que o mundo vai de mal a pior. Isso, no entanto, não é bem verdade e mesmo que fosse nossa fé não é respaldada em circunstância, mas sim nas promessas da Sagrada Escritura. Essas promessas dizem respeito a uma igreja vitoriosa, chamada para ser Reino e Sacerdócio, cumprindo o papel de ser sal da terra e luz do mundo.

Dizer que o mundo está cada vez pior é se esquecer do “nosso passado de absurdos gloriosos”, quando tínhamos em alta estima o preconceito racial, apoiávamos a escravatura (até mesmo a igreja “primitiva” a achava normal), destruíamos o planeta sem qualquer consciência ambiental. E ainda mais, até bem pouco tempo o analfabetismo, a desnutrição e a mortalidade infantil eram tratados como algo normal.

Não estou dizendo com isso que o mundo de hoje é um “mar de rosas”, mas sim que o evangelho é o poder para transformá-lo e a missão da igreja é anunciar esse evangelho transformador. Os ramos desse Reino se estendem sobre a terra trazendo saúde, paz, justiça social, igualdade, liberdade, enfim “dias melhores” para a humanidade. Sob a sombra dessa árvore encontramos abrigo. Afinal “o melhor de Deus ainda está por vir”.

Muitas foram as contribuições do evangelho de Cristo para a humanidade. Muitas mais serão se o povo que se chama pelo nome de Cristo tiver a consciência de quão poderosa é a fé que professam.

“Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de esperança, diz o Senhor” (Jeremias 29:11).

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

BÊNÇÃO POR MENTIRA?

O que já faz parte do cotidiano popular tem, também, ganhado o contexto diário de quem busca respaldar sua vida pela Palavra de Deus. Ou seja, muita gente tem tentado justificar suas “mentirinhas bem intencionadas” usando de textos bíblicos, fazendo má interpretação dos mesmos.

O texto predileto de quem quer justificar suas mentiras é o de Gênesis 27, onde entendem que a mentira tenha sido o meio pelo qual Jacó pôde se apropriar da promessa de Deus para sua vida. Mas será realmente possível que uma bênção venha por meio de uma mentira? Deus seria cúmplice de uma mentira? Obviamente, não.

Passemos então a estudar alguns pontos importantes deste episódio para que tenhamos a compreensão do que, de fato, a mentira pode produzir.


O Erro de Isaque

Em Gênesis 25:23, Rebeca recebera de Deus a promessa de que, dos gêmeos que ela estava para dar a luz, nasceriam duas grandes nações e que o mais velho serviria o mais novo. O fato é que possivelmente Isaque, seu esposo, desconhecia a palavra que Deus falara, ou se conhecia, não a considerou na hora de decidir a quem entregar a primazia de sua bênção.

Se Isaque não sabia a respeito do que Deus havia falado a sua esposa, isso demonstra um problema de relação conjugal, a falta de diálogo. De fato, muitos transtornos conjugais ou mesmo sociais seriam evitados se houvesse mais diálogo.

Se Isaque sabia do que Deus havia dito a Rebeca, então ele ignorou a voz de Deus em prol de atender o desejo de seu coração movido pela circunstância. Em Gênesis 27:4, Isaque pediu a Esaú, seu filho mais velho, que lhe trouxesse um guisado conforme ele gostava, para que lhe abençoasse antes de morrer. Nesse ponto eu aprendo algo que certamente Isaque sabia: A bênção com que podemos abençoar alguém não acontece da boca pra fora, é preciso sair da alma. Isaque julgou que se o filho lhe alegrasse o coração com uma gostosa refeição, sua alma estaria mais propensa a abençoá-lo. Quanto a isso Isaque estava certo. O erro foi ter condicionado a bênção e sujeitado o seu coração a uma circunstância de cunho material e não a Palavra de Deus.

Muitas são as vezes em que cometemos o mesmo erro de Isaque. Baseamos nossas decisões com vistas ao bem estar próprio, em detrimento do bem comum; ao que gostamos, em detrimento ao que é necessário; ao resultado imediato, em detrimento ao que é correto; em outras palavras, andamos segundo nosso próprio conselho, ao invés de seguirmos o conselho de Deus.


O Erro de Rebeca

Rebeca não esperou. Precisamos compreender o que significa esperança. Muitos têm renegado esse valioso fruto espiritual por acharem que a ação de esperar não se trata de ação e sim de inércia. Quão enganados estão! Esperar em Deus significa agir sem trair seus princípios, sem tomar atalhos, significa trabalhar sem trapacear, confiando que seus objetivos serão conquistados honestamente. Esperar em Deus é buscar conquistar o que se deseja sem usar de mentiras, pois de outra forma, melhor renegar tal conquista.

A Voz do Senhor ecoava no coração de Rebeca, tão intensamente, que, em sua convicção, ela não pensou duas vezes em tomar suas próprias providências, seu próprio meio, para que aquela palavra se cumprisse. Ora, não poderia ela ter usado essa mesma convicção para esperar no Senhor, confiando que Ele proveria os seus próprios meios para chegar aos fins que Ele mesmo havia determinado?

A falta de confiança é um outro sério fator de conflitos. Ela faz com que percamos a esperança e nessa hora agimos por impulso e tomamos decisões das quais geralmente nos arrependemos.


O Erro de Jacó

Gênesis 27:11-13, diz que Jacó temia ser amaldiçoado, caso seu pai descobrisse toda farsa. O medo de ser descoberto era a única coisa que continha Jacó, pois seu desejo já o havia cegado em relação ao meio inescrupuloso do qual escolhera para agir. Jacó tinha medo de ser descoberto por seu pai, mas seu coração corrompido não percebia seu pecado, nem que de Deus nada fica encoberto.

Parece-me que ainda hoje continuamos a cair no mesmo erro! É como se não houvesse o que temer, conquanto tudo fique encoberto. O sentimento de impunidade encoraja o crime, a fraude, a corrupção, etc. Além disso, a morte espiritual do homem o torna incapaz de perceber ou pensar que ainda que jamais tivéssemos que, um dia, prestar contas, cabe-nos a consciência de que somos feitos para servir e contribuir para um mundo onde a verdade, a honestidade e a paz seja o legado perpétuo.


Um Grande Engano!

Jacó, ao contrário do que muitos pensam, não foi abençoado por meio de sua mentira. Ao contrário! Por sua mentira ele fugiu de seu irmão por vinte anos, foi enganado diversas vezes, e quando voltou, voltou oferecendo seus servos, seus filhos e a si próprio como escravos a seu irmão, implorando o perdão de Esaú. Só não se tornou escravo porque Esaú o perdoou. A mentira de Jacó lhe rendeu vinte anos de angústia e sofrimentos pelos quais ele aprendeu as conseqüências da mentira.

Se Jacó fora abençoado no ato da mentira a seu pai, por que precisou, depois, lutar com Deus para ser abençoado? A benção de Jacó não veio de sua mentira, mas de Deus que mudou o seu nome de Jacó, que significava “enganador, mentiroso”, para Israel, que quer dizer: “o que governa com Deus”. Saibamos também nós, governarmos com Deus, tomarmos nossas decisões em Deus, que é a verdade, e nEle não há mentira.

“Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz” (Zacarias 8:16).


Pr. Julio Zamparetti Fernandes