sexta-feira, 2 de novembro de 2007

BÊNÇÃO POR MENTIRA?

O que já faz parte do cotidiano popular tem, também, ganhado o contexto diário de quem busca respaldar sua vida pela Palavra de Deus. Ou seja, muita gente tem tentado justificar suas “mentirinhas bem intencionadas” usando de textos bíblicos, fazendo má interpretação dos mesmos.

O texto predileto de quem quer justificar suas mentiras é o de Gênesis 27, onde entendem que a mentira tenha sido o meio pelo qual Jacó pôde se apropriar da promessa de Deus para sua vida. Mas será realmente possível que uma bênção venha por meio de uma mentira? Deus seria cúmplice de uma mentira? Obviamente, não.

Passemos então a estudar alguns pontos importantes deste episódio para que tenhamos a compreensão do que, de fato, a mentira pode produzir.


O Erro de Isaque

Em Gênesis 25:23, Rebeca recebera de Deus a promessa de que, dos gêmeos que ela estava para dar a luz, nasceriam duas grandes nações e que o mais velho serviria o mais novo. O fato é que possivelmente Isaque, seu esposo, desconhecia a palavra que Deus falara, ou se conhecia, não a considerou na hora de decidir a quem entregar a primazia de sua bênção.

Se Isaque não sabia a respeito do que Deus havia falado a sua esposa, isso demonstra um problema de relação conjugal, a falta de diálogo. De fato, muitos transtornos conjugais ou mesmo sociais seriam evitados se houvesse mais diálogo.

Se Isaque sabia do que Deus havia dito a Rebeca, então ele ignorou a voz de Deus em prol de atender o desejo de seu coração movido pela circunstância. Em Gênesis 27:4, Isaque pediu a Esaú, seu filho mais velho, que lhe trouxesse um guisado conforme ele gostava, para que lhe abençoasse antes de morrer. Nesse ponto eu aprendo algo que certamente Isaque sabia: A bênção com que podemos abençoar alguém não acontece da boca pra fora, é preciso sair da alma. Isaque julgou que se o filho lhe alegrasse o coração com uma gostosa refeição, sua alma estaria mais propensa a abençoá-lo. Quanto a isso Isaque estava certo. O erro foi ter condicionado a bênção e sujeitado o seu coração a uma circunstância de cunho material e não a Palavra de Deus.

Muitas são as vezes em que cometemos o mesmo erro de Isaque. Baseamos nossas decisões com vistas ao bem estar próprio, em detrimento do bem comum; ao que gostamos, em detrimento ao que é necessário; ao resultado imediato, em detrimento ao que é correto; em outras palavras, andamos segundo nosso próprio conselho, ao invés de seguirmos o conselho de Deus.


O Erro de Rebeca

Rebeca não esperou. Precisamos compreender o que significa esperança. Muitos têm renegado esse valioso fruto espiritual por acharem que a ação de esperar não se trata de ação e sim de inércia. Quão enganados estão! Esperar em Deus significa agir sem trair seus princípios, sem tomar atalhos, significa trabalhar sem trapacear, confiando que seus objetivos serão conquistados honestamente. Esperar em Deus é buscar conquistar o que se deseja sem usar de mentiras, pois de outra forma, melhor renegar tal conquista.

A Voz do Senhor ecoava no coração de Rebeca, tão intensamente, que, em sua convicção, ela não pensou duas vezes em tomar suas próprias providências, seu próprio meio, para que aquela palavra se cumprisse. Ora, não poderia ela ter usado essa mesma convicção para esperar no Senhor, confiando que Ele proveria os seus próprios meios para chegar aos fins que Ele mesmo havia determinado?

A falta de confiança é um outro sério fator de conflitos. Ela faz com que percamos a esperança e nessa hora agimos por impulso e tomamos decisões das quais geralmente nos arrependemos.


O Erro de Jacó

Gênesis 27:11-13, diz que Jacó temia ser amaldiçoado, caso seu pai descobrisse toda farsa. O medo de ser descoberto era a única coisa que continha Jacó, pois seu desejo já o havia cegado em relação ao meio inescrupuloso do qual escolhera para agir. Jacó tinha medo de ser descoberto por seu pai, mas seu coração corrompido não percebia seu pecado, nem que de Deus nada fica encoberto.

Parece-me que ainda hoje continuamos a cair no mesmo erro! É como se não houvesse o que temer, conquanto tudo fique encoberto. O sentimento de impunidade encoraja o crime, a fraude, a corrupção, etc. Além disso, a morte espiritual do homem o torna incapaz de perceber ou pensar que ainda que jamais tivéssemos que, um dia, prestar contas, cabe-nos a consciência de que somos feitos para servir e contribuir para um mundo onde a verdade, a honestidade e a paz seja o legado perpétuo.


Um Grande Engano!

Jacó, ao contrário do que muitos pensam, não foi abençoado por meio de sua mentira. Ao contrário! Por sua mentira ele fugiu de seu irmão por vinte anos, foi enganado diversas vezes, e quando voltou, voltou oferecendo seus servos, seus filhos e a si próprio como escravos a seu irmão, implorando o perdão de Esaú. Só não se tornou escravo porque Esaú o perdoou. A mentira de Jacó lhe rendeu vinte anos de angústia e sofrimentos pelos quais ele aprendeu as conseqüências da mentira.

Se Jacó fora abençoado no ato da mentira a seu pai, por que precisou, depois, lutar com Deus para ser abençoado? A benção de Jacó não veio de sua mentira, mas de Deus que mudou o seu nome de Jacó, que significava “enganador, mentiroso”, para Israel, que quer dizer: “o que governa com Deus”. Saibamos também nós, governarmos com Deus, tomarmos nossas decisões em Deus, que é a verdade, e nEle não há mentira.

“Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz” (Zacarias 8:16).


Pr. Julio Zamparetti Fernandes

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo em número gênero e grau a postagem visto que a mágoa a desgraça e varias provações que se seguiram durante o resto da vida de Jacó com providência retributiva de Deus.
pastor Epitacio.